quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pacientes peregrinam sem medicamentos

Reportagem do Diário de Cuiabá
Ao menos 15 tipos de remédios fornecidos na farmácia em Cuiabá estão em falta, ente eles a insulina, imprescindível para que tem diabetes 
CAROLINA HOLLAND
Um casal de aposentados de Várzea Grande teve uma notícia desagradável ao chegar à Farmácia de Alto Custo de Cuiabá. Os dois remédios que eles pegam mensalmente no local estão em falta há cerca de um mês. Outros 13 medicamentos, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, também estão em falta na farmácia. Mais de 20 mil usuários do Sistema Único de Saúde estão cadastrados para receber medicamentos.
O casal de aposentados E.S.J.E e A.S.E., ambos de 58 anos, precisava de insulina glargina (comercialmente conhecida como Lantus) para tratar da diabetes dele e de colírio para tratar o glaucoma dela. Ambos saíram sem os remédios. O problema da falta de medicamentos é recorrente na farmácia, segundo as pessoas que dependem do serviço.
“Quando fui pedir meu colírio, a moça do balcão me disse que não tinha porque ainda não foi feito o pagamento do remédio”, contou a aposentada. A atendente disse também para a aposentada que não sabia quando o medicamento iria estar disponível.
O marido dela ouviu a mesma resposta quando tentou pedir insulina. “Disseram que não tem remédio porque não fizeram o pagamento”, afirmou. Diabético há 15 anos, ele disse que perdeu a conta de quantas vezes a situação de se repetiu.
Uma pessoa que trabalha no local confirmou que alguns medicamentos estão em falta há cerca de um mês. A solução para o casal e para outras pessoas que dependem dos medicamentos para tratar doenças crônicas será comprar os produtos em farmácias particulares, o que, muitas vezes, pesa – e muito – no orçamento das famílias.
“Nós vamos conseguir comprar os medicamentos, mas e as pessoas que não podem? Já vi muitas pessoas aqui chorando depois de saberem que não tem remédio porque não tem dinheiro pra comprar. Não é fácil presenciar essas coisas”, disse a aposentada. Nas farmácias, o colírio xalacon custa cerca de R$ 150 e a insulina sai por R$ 90, em média.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde confirmou a falta de 15 medicamentos, mas alegou que quando o atual secretário Pedro Henry assumiu o cargo, as farmácias estavam desabastecidas. A assessoria disse ainda que parte dos remédios já foi comprada e o prazo para a entrega é de 15 dias úteis – a partir da última terça-feira.

A expectativa, no entanto é que a entrega aconteça essa semana ou na próxima, antes do tempo previsto. A assessoria informou também que a SES espera conseguir resolver o problema da falta de todos os medicamentos em até 30 dias.
FARMÁCIAS POPULARES         
Usuários não acham remédios da lista em drogarias locais

JOANICE DE DEUS

Em busca de preços mais acessíveis, inúmeros usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) procuram diariamente uma das unidades das Farmácias Populares localizadas em Cuiabá. Porém, muitos não encontram o medicamento que necessitam.

Este é o caso da dona-de-casa Irene Dias Lopes, 60 anos, que tentou comprar o remédio sinvastatina na unidade localizada no bairro Bandeirantes. “Não tem e não há nem previsão de quando vai chegar”, afirmou. Conforme Irene, a sinvastatina é usada para tratamento do colesterol. Como não pode ficar sem o medicamento, ela ia comprar em uma drogaria privada. “Não sei quanto vai custar, mas com certeza vai ficar mais caro. Aqui, sairia bem mais em conta”, lamentou.

Na Farmácia Popular, que é abastecida pelo Ministério da Saúde em parceria com o município, também não havia omeprazol, conforme a aposentada Eunice Alves Otávio, 63. “A médica me passou 120 compridos para tomar em 60 dias e simplesmente falaram que não tem”, comentou. A aposentada também iria recorrer a outra drogaria. “Preciso tomar dois comprimidos por dia. O jeito é pagar mais caro para não parar e prejudicar o tratamento”.

Outra pessoa que saiu da unidade sem os medicamentos que precisava foi a servidora pública Rosa Maria de Amorim, 52 anos. Ela faz tratamento endocrinológico e precisava adquirir motilium, pantacol e forfig. “Infelizmente não têm os três. O jeito é comprar em outra farmácia. Não dá para voltar para casa sem nada”.

As farmácias populares, especialmente as da chamada rede própria, fazem parte de um programa do Ministério da Saúde. O órgão arca com 90% do valor de referência do produto. Já nos casos dos remédios para hipertensão e diabetes o valor é 100% coberto pelo Ministério.

Nas unidades são disponibilizados 108 tipos de medicamentos. Por isso, sem informação dos produtos que constam na lista, muitas pessoas não conseguem encontrar o remédio que precisa na farmácia (a lista pode ser consultada no site www.sauda.gov.br/aquitemfarmaciapopular).

A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde informou que no caso da sinvastatina houve uma demanda maior do que a esperada, mas que o processo de aquisição do produto está na fase de registro de preço e sendo efetuado. A previsão é que a venda do medicamento seja normalizado na próxima semana. Quanto ao omeprazol, a SMS disse que o remédio só é disponibilizado no pronto-socorro (o produto, no entanto está na lista dos 108 do Ministério). Já a assessoria do Ministério também negou que há desabastecimento das Farmácias Populares. O órgão federal justificou ainda que os demais produtos não estão na lista dos comercializados pela rede própria.

COMENTÁRIO DO MSD:

- ESSA QUESTÃO É NO MÍNIMO VERGONHOSA, POIS PERPETUA-SE HÁ QUASE 10 ANOS NAS MANCHETES DOS JORNAIS.

- OS MEDICAMENTOS DE ALTO CUSTO SÃO UMA OBRIGAÇÃO DA SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE, CUJO FINANCIAMENTO É DIVIDIDO COM O MINISTÉRIO DA SAÚDE, QUE TODO MÊS MANDA SUA PARTE PARA A SES.  COMO MUITOS MEDICAMENTOS SEMPRE ESTÃO EM FALTA, MUITO DINHEIRO NÃO ESTÁ SENDO GASTO COM A SUA AQUISIÇÃO, SOB AS MAIS VARIADAS DESCULPAS ESFARRAPADAS.  PARA ONDE ESSE  DINHEIRO ESTARÁ INDO ? MENSALÃO ?  AMBULÂNCIAS SANGUESSUGAS ?

- E COMO FICAM OS PACIENTES DE DOENÇAS CRÔNICAS QUE NECESITAM USAR TAIS MEDICAMENTOS  DE FORMA CONTINUADA?  . ELES   GERALMENTE SÃO FORÇADOS A INTERROMPER O USO, POIS TAIS REMÉDIOS SÃO MUITO CAROS. ALGUNS POUCOS CONSEGUEM ADQUIRI-LOS MAS AS CUSTAS DE MUITOS SACRIFÍCIOS.

- É PRECISO QUE A DEFENSORIA E O MINISTÉRIO PÚBLICO ATUEM FIRMEMENTE PARA COMPELIR O ESTADO A ADQUIRIR TAIS MEDICAMENTOS, AINDA QUE NO VAREJO , E NÃO SIMPLESMENTE INFORMAR OS PACIENTES QUE “ESTÁ EM FALTA” POIS ESSE FORNECIMENTO ESTÁ   NORMATIZADO HÁ MAIS DE UMA DÉCADA E EXISTEM PORTARIAS QUE ESTABELECEM QUAIS SÃO OS MEDICAMENTOS. PORTANTO, TUDO É UMA QUESTÃO DE PLANEJAMENTO E HONESTIDADE NA GESTÃO.

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