terça-feira, 22 de novembro de 2011

Governo Federal suspende curso de Medicina da Unic

Curso obteve média 2 em conceito do ministério; mensalidade cobrada passa dos R$ 4 mil


MidiaNews
Por: Katiana Pereira 


Ministério da Educação deu média 2, numa escala que vai de 1 a 5

Em um despacho publicado no Diário Oficial da União, na sexta-feira (18), o Ministério da Educação e Cultura (MEC) suspendeu o curso de Medicina da Universidade de Cuiabá (Unic). O motivo é a média muito baixa - nota 2 - obtida no Conceito Preliminar de Curso (CPC).

O Índice Geral de Cursos (IGC) varia em uma escala de 1 a 5 e é calculado com base no desempenho dos alunos no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), e em outros critérios, como a infraestrutura e o corpo docente da instituição.

O curso de Medicina na Unic foi autorizado pelo MEC em 2004 e tem duração de 12 semestres, com 8.640 horas aula. O valor da mensalidade é R$ 4.308,86. Caso o estudante pague até o dia 05 de todo mês, o acadêmico terá um desconto de 6%, que ficará no valor de R$ 4.050,33, conforme divulgado no site da instituição.

Além da Unic, outras 15 faculdades privadas que oferecem o curso de Medicina foram consideradas as piores do Brasil, e também tiveram os cursos suspensos.

Os cursos que sofreram o corte são todos de instituições privadas nos Estados de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Maranhão, de Rondônia, do Tocantins e Mato Grosso.

O ministério pretende suspender, até o fim do ano, 50 mil vagas em graduações na área da Saúde, Ciências Contábeis e Administração que tiveram resultado insatisfatório nas avaliações de 2009 ou 2010.

Ensino insatisfatório

Conforme o MidiaNews já divulgou, todas as instituições de ensino superior de Cuiabá, avaliadas pelo MEC, obtiveram notas que ficaram abaixo da média no Índice Geral de Cursos (IGC). A lista completa com os 1.828 cursos superiores de todo o Brasil foi divulgada na quinta-feira (17).

Veja a classificação das instituições de ensino em Cuiabá, no Índice Geral de Cursos (IGC), classificação por pontos.

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT): média 3,03
Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat): média 2,31
Universidade de Cuiabá (Unic): média 2,06
Centro Universitário Cândido Rondon (Unirondon): média 1,75
Instituto Cuiabano de Educação e Cultura (Icec): média 1,68
Faculdade Afirmativo: média 1,30
Faculdade de Cuiabá (Fauc): média 1,11.

Crise na Medicina

O Conselho Federal de Medicina afirmou, por meio de nota, na sexta-feira, que o resultado da avaliação do Ministério da Educação (MEC) sobre o desempenho das instituições de ensino superior comprova a "crise" do ensino da Medicina no País.

Confira a íntegra da nota do Conselho Federal de Medicina:

Com base nos resultados do Conceito Preliminar de Cursos (CPC), divulgado pelo Ministério da Educação, na quinta-feira (17), o Conselho Federal de Medicina (CFM), que se preocupa com a formação dos médicos brasileiros como forma de assegurar atendimento digno, chama - mais uma vez - a atenção da sociedade e das autoridades para o problema da má qualidade do ensino médico oferecido atualmente.

É preocupante o número de escolas médicas que alcançaram notas ruins, entre 1 e 2 (de 141 instituições avaliadas, um total de 23). Também é lamentável que nenhuma delas tenha obtido nota suficiente para ser classificada na faixa máxima (nota 5).

Este resultado é consequência da abertura indiscriminada de novos cursos de Medicina em território nacional, há tempos denunciada pelo CFM e pelos conselhos regionais de medicina (CRMs). Ao fazer este alerta, ressaltamos que a situação atual do ensino médico não condiz com as preocupações humanitárias e sociais pertinentes à Saúde e à Medicina.

O quadro descortinado pelo CPC denota a prevalência de interesses econômicos e políticos sobre a preocupação legítima com a qualidade da formação de futuros médicos. De 2000 a 2010, o número de escolas médicas pulou de 100 para 181. Das que entraram em funcionamento, 72,5% (58 escolas) são privadas e visam o lucro.

No entanto, a multiplicação dessas instituições não solucionou a povoação de médicos nos locais desassistidos e sequer melhorou a qualidade daqueles ali formados. Não há dúvida que número importante das escolas médicas em atividade está sem condições plenas de funcionamento, seja em termos de instalações, seja em termos de conteúdo pedagógico, incluindo aí questões ligadas aos corpos docentes. Infelizmente, essa situação, tem prejudicado, sobretudo, a população que fica à mercê de profissionais com formação deficiente.

Neste contexto, o CFM - novamente - alerta os brasileiros para esta realidade e considera oportuna a decisão do MEC de supervisionar o ensino oferecido por algumas escolas médicas, o que implicará, de imediato, no corte de 512 vagas em cursos com notas ruins.

Por outro lado, ficamos preocupados com o anúncio do próprio MEC de abertura de outras 320 vagas em algumas escolas, o que, no mínimo, indica que alunos e professores destas instituições terão que dividir os parcos recursos que têm, fragilizando ainda mais as condições de ensino.

Esperamos rigor e seriedade na formação do médico brasileiro, eliminando as distorções no ensino que prejudicam toda a sociedade. Somente, assim o país poderá contar com uma assistência de qualidade tanto na rede pública, quanto privada. 

Investimentos

Por meio da assessoria de imprensa, a Unic divulgou uma nota, por meio da qual lamenta que a avaliação do Ministério da Educação não levaria em consideração as constantes melhorias que a instituição realiza em seu câmpus, localizado na Avenida Beira-Rio, na Capita.

Veja a nota na íntegra:

A Universidade de Cuiabá esclarece que conforme a portaria 420 de 16/11/2011, publicada no dia 17/11/2011 no Diário Oficial da União, em que divulgou o Índice Geral de Cursos (IGC) da UNIC como 3, realiza melhorias contínuas nos cursos da instituição, principalmente na graduação de Medicina, para atender aos requisitos do Ministério da Educação (MEC).

Infelizmente, a nota obtida no CPC (Conceito Preliminar de Curso) não reflete apenas os investimentos em infraestutura, recursos didáticos pedagógicos e corpo docente realizados pela Unic, mas também o desempenho dos alunos no ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes).

Em virtude desse resultado será realizada uma ampla campanha de conscientização para os estudantes do curso sobre a importância de participar da prova com comprometimento e seriedade, como aconteceu com os cursos de Medicina Veterinária e Enfermagem, que obtiveram no ENADE notas 5 e 4, respectivamente.

A Unic atenderá o recomendado pelo MEC, pois o CPC é um indicador preliminar da situação dos cursos. Para que os valores se consolidem e representem efetivamente o que se espera em termo de qualidade, as comissões de avaliadores farão visitas in loco para corroborar ou alterar o conceito obtido preliminarmente.

Comentário MSD


>> Saúde e educação de qualidade são direitos de todos os cidadãos e devem ser garantidos pelo poder público como contrapartida dos impostos extorsivos que todos pagamos. No Brasil, abrir faculdades particulares virou um bom negócio e muitos se tornaram bilionários com isso, oferecendo ensino de péssima qualidade e auferindo lucros incalculáveis.



>> Ocorre que nas áreas de saúde e educação isso traz conseqüências trágicas para a população , condenada a ser mal atendida e mal educada. Por isso nosso indicadores em saúde e educação são tão ruins, o que nos sinaliza um futuro sombrio como povo e nação.

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