Pelo amor de Deus, alguém faça alguma coisa. Entra ano e sai ano, o Pronto Socorro de Cuiabá segue sob o caos e cada vez pior. Considerada principal referência para urgência e emergência do Estado, a unidade enfrenta problemas que vão desde estrutura inadequada, passando por falta de higiene e até problemas de organização e gestão. Alvo constante de críticas, o PSM mantém suas portas abertas sem nunca recusar pacientes, mesmo não tendo mais espaço para um atendimento de qualidade. E para complicar ainda mais, as chuvas revelam um cenário assombroso.
Um vídeo produzido pelo Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso (Sindmed) traduz com realidade ímpar a situação caótica que vive os pacientes e funcionários do hospital. De acordo com a descrição de um dos cinco vídeos a chuva do último dia 2 de abril inundou os corredores e a “enfermaria mista”, onde homens e mulheres são internados no mesmo ambiente do Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá. Um verdadeiro nojo, típico depósito de seres humanos.
A produção do sindicato deixa claro que as reformas não foram suficientes para impedir que água e o esgoto transbordassem exalando mau cheiro dentro do Pronto Socorro. A situação tornou-se ainda mais caótica ao ponto de que os acompanhantes foram obrigados a dividir espaço da maca com os doentes para fugirem da água contaminada.
Conforme consta nas imagens os pacientes relatam que o ralo no meio da enfermaria refluiu material fétido, além do vaso sanitário também ter refluído excrementos humanos e contaminado a água no chão.
“Na borda do vaso se vê muita sujeira e uma barata! Os pacientes se referem a jacaré e lombrigas, mas na verdade querem é dizer que havia fezes boiando na água por debaixo das camas" - narrou o profissional da saúde que captou as imagens e postou na rede social YouTube. Independente de greves, salários e debates institucional, o cenário do Pronto Socorro é de um local cujas autoridades responsáveis – eleitas e não eleitas - parecem não terem o mínimo de compaixão com o próximo.
Outra situação preocupante foi flagrada na área de repouso da UTI neonatal, onde uma verdadeira “cachoeira” escorria pela parede da sala correndo para debaixo da cama, também, é possível observar as infiltrações. “Toda vez que chove acontece esses problemas, é difícil trabalhar nessa situação”, reclama uma funcionária.
Na ocasião a diretoria do PSMC tentou minimizar o caos e divulgou esclarecimento sustentando apenas que a sala vermelha do setor de Urgência e Emergência ficou alagada por causa da chuva, mas que nenhum leito foi atingido pela água. O curioso é que na mesa ala da UTI pediátrica em que houve o desabamento, o Sindmed, constatou no vídeo o vazamento do esgoto pela pia de higienização dos médicos e enfermeiras. O esgoto borbulhava exalando um cheiro forte que preocupou os pais das crianças internadas.
Parece mentira, mas, as imagens catastróficas que refletem o episódio ocorrido no início do mês de abril, não é um fato isolado. Em fevereiro deste ano, parte do teto do prédio recém-reformado do Pronto-Socorro também desabou durante uma forte chuva. Dois ambientes, na recepção e num corredor entre o box de emergência e as salas de cirurgia, o forro despencou.
Nas duas situações em que houve desabamento o atendimento não foi interrompido já que a Defesa Civil apontou que o local não apresentava riscos aos pacientes e funcionários. “É uma calamidade que tem de ser resolvida, não é a primeira vez que acontece e parece que não vai ser a última. Para uma capital que quer ser sede de copa do mundo, a saúde devia ser exemplo de eficácia! Não é isso que vemos por aqui” - finalizou o médico após nove minutos de gravações pelos corredores do Pronto Socorro.
Ano passado o Pronto Socorro passou por oito meses de reforma e custou R$ 6 milhões aos cofres públicos, sendo R$ 3 milhões destinado às obras estruturais e outros R$ 3 milhões, para a aquisição de novos equipamentos.
COMENTÁRIO DO MSD:
A estrutura do HPSMC não tem mais possibilidade de recuperação. Alem disso, para se fazer uma reforma com um mínimo de qualidade, precisaria se paralisar as suas atividades. Está claro que precisamos urgentemente de um novo Pronto Socorro que absorva a demanda do atual, para então se fazer sua recuperação e passarmos a ter dois OS, a altura das necessidades de Cuiabá.