Artigo publicado no Diário de Cuiabá desta quarta-feira (20/04)
Desde março a imprensa mato-grossense se ocupou bastante com o tema saúde, reservando-lhe espaços consideráveis sem, entretanto, romper com a já conhecida cobertura de fatos do cotidiano.
Dengue, meningite, atendimento de urgência precário, organizações sociais, filas de espera etc, etc. Pelo volume e pela forma do noticiado penso que é mesmo muito complicado para um veículo de comunicação sair do factual, avançar na investigação, na ampliação do debate público e ajudar a encontrar soluções que seguramente surgiriam desse debate democrático e salutar. Mas sempre é tempo.
A questão da necessidade de termos um grande hospital público estadual em Cuiabá para atender a demanda dos mato-grossenses, por exemplo, merece ser debatida amplamente.
Enquanto o Governo do Estado não assumir esta responsabilidade, restringindo-se a entregar unidades de saúde à iniciativa privada – contrariando e praticamente rasgando os preceitos do Sistema Único de Saúde -, vamos continuar tendo manchetes factuais nos noticiários.
Cansado, com sua capacidade esgotada, o Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, com sua missão precípua desviada, já não suporta tanta demanda. Enquanto isso, o Governo do Estado continua fazendo vistas grossas ao problema, fugindo do debate, ignorando o caso em que se encontra a saúde pública em Mato Grosso.
Aliás, há mais de 8 anos que muitas das autoridades estaduais fingem não entender que o povo mato-grossense está sofrendo e morrendo por falta de assistência digna à saúde.
A única solução para essa crise hospitalar, que também passa pela falta de transparência, pela negação do acesso aos serviços, pelo desvio de dinheiro público, pela falta de compromisso do homem público com a vida, é um grande hospital público estadual em Cuiabá, mantido pela Secretaria Estadual de Saúde, aproveitando que é na Capital que se encontram os variados profissionais e serviços de alta complexidade.
Enquanto as autoridades permanecem caladas, o clamor popular pelo hospital público estadual continua nas ruas, apesar de não estar nas manchetes dos noticiários, diariamente ocupadas por problemas pontuais e persistentes na rede pública de saúde. É bom lembrar que a área privada também já começa a dar sinais de cansaço e ineficiência.
*LUIZ SOARES, cidadão mato-grossense
Este artigo também está publicado no jornal A Gazeta e sites Água Boa News, Hiper Notícias, Bom Dia Mato Grosso e no Blog da Sandra Carvalho.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Médicos de Cuiabá deflagram greve dia 26
Reportagem de A Gazeta
Tania Rauber
Os médicos que atendem nos hospitais credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS) decidiram entrar em greve e os atendimentos na Santa Casa da Misericórdia, Só Trauma e Santa Helena estarão paralisados a partir do dia 26. Apenas casos de urgência e emergência serão atendidos.
Só na Santa Casa da Misericórdia, onde 90% dos atendimentos são pelo SUS, em média 25 cirurgias das diversas especialidades são realizadas diariamente. Nas alas de enfermaria, metade dos leitos é ocupada por pacientes do interior, muitos que são encaminhados porque precisam de cirurgias.
No Hospital Santa Helena, uma média de 5 cirurgias diárias não serão mais realizadas com a greve. Segundo o diretor Marcelo Sandrin, o corpo clínico garantiu que manterá apenas os atendimentos de urgência e emergência. "A maior preocupação é que a não realização de uma cirurgia eletiva pode desencadear um quadro de emergência em um curto tempo".
Os médicos cobram o reajuste do Índice de Valorização da Qualidade (IVQ), criado em 2002 para tentar corrigir a defasagem da tabela SUS, a criação de uma lei que regulamente o pagamento de honorário e melhores condições de trabalho.
O Sindicato dos Médicos do Mato Grosso diz que há mais de 30 dias busca uma negociação com a Prefeitura e o Conselho Municipal de Saúde e não teve resposta.
Outro lado - A secretaria municipal de Saúde disse que haveria uma reunião com a categoria, mas não deu retorno.
Só na Santa Casa da Misericórdia, onde 90% dos atendimentos são pelo SUS, em média 25 cirurgias das diversas especialidades são realizadas diariamente. Nas alas de enfermaria, metade dos leitos é ocupada por pacientes do interior, muitos que são encaminhados porque precisam de cirurgias.
No Hospital Santa Helena, uma média de 5 cirurgias diárias não serão mais realizadas com a greve. Segundo o diretor Marcelo Sandrin, o corpo clínico garantiu que manterá apenas os atendimentos de urgência e emergência. "A maior preocupação é que a não realização de uma cirurgia eletiva pode desencadear um quadro de emergência em um curto tempo".
Os médicos cobram o reajuste do Índice de Valorização da Qualidade (IVQ), criado em 2002 para tentar corrigir a defasagem da tabela SUS, a criação de uma lei que regulamente o pagamento de honorário e melhores condições de trabalho.
O Sindicato dos Médicos do Mato Grosso diz que há mais de 30 dias busca uma negociação com a Prefeitura e o Conselho Municipal de Saúde e não teve resposta.
Outro lado - A secretaria municipal de Saúde disse que haveria uma reunião com a categoria, mas não deu retorno.
Parte do Pronto Socorro de Cuiabá está ar condicionado
Matéria publicada no jornal A Gazeta de hoje:
Renata Neves
A alta temperatura registrada no interior do Pronto-Socorro de Cuiabá pode ter contribuído para a proliferação de infecção hospitalar. Familiares do paciente Cleiton Cristian Ferreira dos Santos, 22, denunciam as péssimas condições da unidade, agravadas com a pane do sistema de refrigeração.
Os tios de Cleiton, que pediram para não ser identificados, contaram que o sobrinho contraiu infecção hospitalar após os aparelhos de ar condicionado terem estragado. Eles acreditam que a alta temperatura registrada na mini UTI, conhecida como sala amarela, favoreceu a contaminação. "A sala está muito quente. A temperatura deve chegar aos 40º lá dentro".
Cleiton está internado desde o dia 27 de março. Ele foi espancado e está com o maxilar quebrado, respirando com a ajuda de aparelhos. Os familiares temem que o estado de saúde seja agravado e que os cerca de 30 pacientes internados na mesma sala, também possam contrair infecções.
Outro lado - A Secretaria Municipal de Saúde confirmou que apenas 50% dos aparelhos de ar condicionado do Pronto-Socorro estão funcionando. A pane no sistema de refrigeração foi causada por uma queda de luz, ocorrida na semana passada. A Secretaria informa que já providenciou a reestruturação do sistema e até a próxima semana espera estar com 100% dos equipamentos funcionando.
O diretor do Pronto-Socorro, Jair Gimenez, afirmou que não há nenhuma ligação entre a falta de refrigeração do local e a infecção contraída por Cleiton.
Os tios de Cleiton, que pediram para não ser identificados, contaram que o sobrinho contraiu infecção hospitalar após os aparelhos de ar condicionado terem estragado. Eles acreditam que a alta temperatura registrada na mini UTI, conhecida como sala amarela, favoreceu a contaminação. "A sala está muito quente. A temperatura deve chegar aos 40º lá dentro".
Cleiton está internado desde o dia 27 de março. Ele foi espancado e está com o maxilar quebrado, respirando com a ajuda de aparelhos. Os familiares temem que o estado de saúde seja agravado e que os cerca de 30 pacientes internados na mesma sala, também possam contrair infecções.
Outro lado - A Secretaria Municipal de Saúde confirmou que apenas 50% dos aparelhos de ar condicionado do Pronto-Socorro estão funcionando. A pane no sistema de refrigeração foi causada por uma queda de luz, ocorrida na semana passada. A Secretaria informa que já providenciou a reestruturação do sistema e até a próxima semana espera estar com 100% dos equipamentos funcionando.
O diretor do Pronto-Socorro, Jair Gimenez, afirmou que não há nenhuma ligação entre a falta de refrigeração do local e a infecção contraída por Cleiton.
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