Governo do Estado, Prefeitura, médicos e Ministério Público Estadual e Federal não se entendem e quem perde com isso é a população
ALECY ALVES
Da Reportagem
A batalha judicial na saúde pública se mostra mais acirrada a cada dia. Anteontem o Ministério Público Federal (MPF) ingressou com uma medida exigindo que o governo do Estado cumpra a decisão judicial que proíbe novas transferências de hospitais para organizações sociais e obriga o retorno daqueles que já estão sob a gestão de OSS, entre os quais o Metropolitano, em Várzea Grande.
Já o Ministério Público Estadual deu prazo de 24 horas para a Prefeitura de Várzea Grande assegurar atendimento, nem que seja pagando pelos serviços em hospitais privadas, durante a greve dos médicos do Pronto Socorro, sob pena de pedir o bloqueio das verbas da saúde para pagar os salários atrasados reclamados pelos grevistas.
Enquanto isso, os problemas do setor, como o tempo de espera e a falta de médicos, parecem não ter fim. Na Policlínica do Verdão, em Cuiabá, ontem foi mais um dia de sofrimento para quem precisou de atendimento.
Por causa da greve dos médicos do Pronto Socorro de Várzea Grande, o número de pacientes nessa unidade saltou de pouco mais de 100 para 200, chegando a 250 no plantão diurno. E de 70 para mais de 120 durante a noite, segundo a coordenadora Silvinha Pinheiro Gomes.
“A demora é tanta que muitos desistem e vão embora sem passar pelo médico. Também temos a questão da qualidade dos serviços, que cai bastante”, reclama ela. Silvinha disse que esta semana dois médicos pediram demissão, queixando-se da sobrecarga de trabalho.
Ontem à tarde a dona de casa Maria José dos Anjos Pereira, moradora de Várzea Grande, passou a tarde, quase 5 horas, esperando que um médico atendesse sua neta, a pequena Micaeli, de 6 anos. Com febre, dores adbominais e na cabeça, até o início da noite a menina não havia sido atendida.
Às 16h30, quando a equipe de reportagem do Diário esteve na Policlínica do Verdão, havia quase 100 pessoas, entre adultos e crianças de Cuiabá e Várzea Grande, aguardando serem chamadas para receber assistência médica.
Mal de saúde, Maria José disse que até inventou que mora em um endereço de Cuiabá para não ter que esperar tanto ou correr o risco de voltar para casa sem atendimento, pelo fato de morar em Várzea Grande. Silvinha Gomes assegura que todos são atendidos, independentemente de onde moram. Desde que suportem a longa espera.
O governo do Estado não se mostra nem um pouco disposto a respeitar a decisão da juíza federal Célia Regina Ody Bernardes, proferida em setembro do ano passado.
O procurador da República Gustavo Nogami pediu a execução da sentença e a juíza deu prazo de cinco dias para que o Governo do Estado comprove que reassumiu a gestão do Hospital Metropolitano. Caso contrário, terá de pagar multa diária de R$ 100 mil.
Contrariando a decisão, o governo, por meio da Secretaria de Saúde, não reassumiu o Metropolitano e ainda transferiu para OSS os hospitais de Cáceres, Colíder, Alta Floresta e a Coordenadoria Farmacêutica. E abriu processo de contratação de OSS para o Hospital Regional de Sorriso e da Central de Transplantes, que vai funcionar no antigo Hospital das Clínicas, em Cuiabá.
Ontem, a Procuradoria Geral emitiu uma nota na qual argumenta que a ação está em grau de recurso de apelação cível e que sua eficácia somente se daria após confirmação no Tribunal Regional Federal, o que ainda não ocorre. E ainda, que a execução da sentença levaria a um caos no atendimento à população.
ð COMO SE VÊ , O CAOS PERSISTE E NEM AS SECRETARIAS DE SAÚDE DOS MUNICÍPIOS NEM DO ESTADO DEMONSTRAM QUALQUER INTERÊSSE EM ADOTAR MEDIDAS EFICAZES. NÃO FALTA SÓ DINHEIRO. FALTA TAMBÉM CONHECIMENTO, HONESTIDADE, AUTORIDADE E VONTADE DE RESOLVER O PROBLEMA. ENQUANTO ISSO, O MP FAZ CARA DE PAISAGEM E FICA ESPERANDO ....