O Diário de Cuiabá dá destaque hoje ao surto de dengue na capital mato-grossense.
Confira matéria na íntegra.
Renê Dioz
Cuiabá tem 28 bairros com risco de surto da dengue, de acordo com o último Levantamento de Índice Rápido de Infestação (Lira) realizado pelo município. Enquanto a cidade apresenta um índice médio de 3,4% das residências com larvas do mosquito Aedes aegypti (número que sugere estado de alerta), bairros da região do Coxipó revelam índices aterradores, como os 7,3% do Parque Nova Esperança e os 7,2% do Pedra 90, historicamente assolado pela dengue.
A constatação dos 28 bairros com índice superior a 3,9% – a partir do qual o Ministério da Saúde (MS) aponta risco de surto - fez com que a prefeitura programasse uma sequência de mutirões para neutralizar os focos nesses locais a partir desta quinta-feira, no Pedra 90, até 23 de dezembro.
Cerca de 320 agentes de saúde ambiental em parceria com outros da Vigilância Sanitária e da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfe) farão desde borrifação à retirada de lixo que possa servir de criadouro para o mosquito vetor da dengue.
Lixo, aliás, é figura fácil pelas ruas dos bairros com risco de surto – e responsável por 17,8% dos criadouros detectados nas amostras do Lira em Cuiabá. No Jardim Fortaleza, por exemplo, as vias sem asfalto estão salpicadas de lixo molhado pelas últimas pancadas. Quase impossível não ver sacos plásticos ou garrafas pet estacionadas na grama em frente às casas, onde também passa o esgoto a céu aberto.
São problemas de saneamento básico que saltam aos olhos na maioria dos bairros que costumam ser mais assolados pela dengue, mas a coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Alessandra da Costa Carvalho, explica que a origem do problema continua da porta para dentro das casas. “Mais uma vez a caixa d’água é o nosso criadouro predileto”, diz, referindo-se ao local onde o Lira detectou 62,1% dos criadouros amostrados.
E, se depender da disposição dos moradores, a dengue por enquanto tem tudo para criar tragédias no Jardim Fortaleza, segundo a moradora Gisele Espírito Santo Cruz, 20, que nasceu lá. Ela conta que visita vizinhos e não é difícil se deparar com suas caixas ou tambores d’água abertos. Sabendo que seu bairro é um dos que mais concentra larvas do Aedes aegypti na cidade, ela teme por sua filha de um ano.
O Jardim Fortaleza ainda não teve qualquer morte registrada como decorrência da dengue este ano, segundo boletim epidemiológico. Até o momento, as quatro mortes confirmadas na Capital foram nos bairros Dom Aquino, CPA II, Jardim Leblon e Jardim Vitória. Outros quatro óbitos estão sendo investigados.
Cuiabá já notificou este ano mais de 4,1 mil ocorrências de dengue. Na sequência elas estão mais concentradas nos bairros Pedra 90, Jardim Industriário, Nova Esperança, Santa Isabel e Tijucal. Destes cinco primeiros, somente o Santa Isabel não é da região sul (Coxipó e adjacências), mas, como os outros, também se inclui na lista dos 28 bairros com maiores índices de infestação de larvas do mosquito da dengue e são priorizados nos mutirões da prefeitura a partir desta semana.
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