No momento em que a saúde pública é alvo de uma das maiores polêmicas do Estado, quando se discute a administração de unidades de saúde por Organizações Sociais (OSS) e em que a pasta, na Capital, passa a contar com um novo gestor, o médico Antonio Pires, que assumiu o cargo no último dia 25, o ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Luiz Soares (PSDB), resolve abrir a “caixa-preta” do setor. Criticado por Pires pela rigidez com que tratou os profissionais da saúde durante o episódio que ficou conhecido como uma das maiores crises do setor, quando em setembro de 2009 os médicos do Hospital e Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC) entraram em greve, apontando o sucatemento da unidade, ele desafia o novo secretário a atuar com a mesma transparência que teve em suas duas gestões.
“Entreguei a secretaria ao prefeito por não comungar com a supremacia de uma categoria profissional de saúde em prejuízo das demais”, confessou o ex-secretário. A postura de Soares, inclusive, foi apontada como principal motivo do desgaste da imagem do ex-prefeito Wilson Santos (PSDB), que amargou apenas o terceiro lugar na disputa pelo governo, no ano passado, acumulando a maior rejeição no pleito.
Quando assumiu a pasta pela primeira vez, na gestão Roberto França, quando também era vice-prefeito, entre os anos de 2001 e 2004, encontrou um déficit de aproximadamente R$ 21,4 milhões no orçamento da saúde de Cuiabá e deixou a secretaria, em 2004, com quase R$ 300 mil em caixa e mais R$ 5 milhões a receber no ano seguinte.
Ele foi sucedido, na época, pelo médico Aray Fonseca (PTB), que hoje comanda a Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap). Soares se tornou secretário de Saúde de Cuiabá novamente na administração Wilson Santos (PSDB), entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009. Ao deixar o cargo, em seu último relatório, apontou um “vácuo” na gestão Aray. No balancete, o dinheiro repassado pelo Ministério da Saúde para pagar a produção ambulatorial e hospitalar referente a dezembro de 2004 não foi encontrado.
“A maioria dos secretários que passou pela pasta deixou pendências até hoje sem explicações, além de não terem expandido serviços, construído novas unidades ou sequer, diminuído o endividamento da secretaria”, explicou. De acordo com ele, apesar das dívidas herdadas de seus antecessores, em sua segunda gestão, ampliou a rede de serviços do SUS em Cuiabá com a construção de 10 unidades do Programa de Saúde da Família (PSF) e a policlínica do bairro Pedra 90. Ele destaca que das 65 equipes de PSF, 40 foram implantadas nos períodos em que comandou a SMS.
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Soares lamenta que, nos últimos anos, a pasta tem sido sucateada pela administração de alguns gestores que, segundo o ex-secretário, não se empenharam em administrar com transparência os recursos público e, por consequência, respeito aos usuários e servidores do Sistema Único de Saúde (SUS).que passou pela pasta deixou pendências
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Ele se gaba por ser o único secretário, na história de Cuiabá, a efetuar uma gestão transparente, apresentando mensalmente um relatório de prestação de contas ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), Ministério Público, asosciações de bairro e à imprensa para que a sociedade pudessee acompanhar a aplicação dos recursos no setor.
“A minha expectativa é de que as próximas gestões permitam a mesma transparência pública no uso dos recursos do SUS, prestando contas à sociedade, pois o dinheiro é curto, porém, dá pra fazer muito e melhorar o que já está feito”, ressalta Soares.
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