quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Hospital Metropolitano: Denúncia aponta que a paciente recebeu alta mesmo passando mal e morreu na mesma noite.

CRM vai investigar morte

Por: Tania Rauber
Fonte: A Gazeta



Genecília ficou no mesmo quarto
que vítima e faz relato de
atendimento inadequado.Foto de João Vieira
O Conselho Regional de Medicina (CRM) vai investigar a morte de uma mulher após a realização de uma cirurgia no Hospital Metropolitano, em Várzea Grande. A denúncia foi feita por uma paciente que ficou internada e ganhou alta da unidade no mesmo dia em que a vítima. 
Presidente do conselho, Dalva Neves garantiu que será aberta uma sindicância para identificar o médico que fez o atendimento à paciente e se houve negligência. “Nós não recebemos nenhuma denúncia formal, mas a partir do momento que é divulgado pela imprensa nós abrimos uma sindicância para apurar. É o que vamos fazer”.

A denúncia foi feita pela estudante de música Genecília Aparecida de Ataíde Lacerda, 44. Ela conta que foi chamada para comparecer ao hospital no dia 19 de setembro para realizar uma cirurgia de vesícula. Na sala de espera encontrou “Vanildes”. As duas foram internadas na mesma enfermaria. No dia seguinte, Genecília foi levada para a sala de cirurgia e, após ser operada, foi transferida para o quarto. Nos corredores, encontrou Vanildes, que era levada para o centro cirúrgico. Ela retornou algumas horas depois, após passar pela cirurgia de hérnia. Genecília conta que era visível o péssimo estado de saúde da colega, que vomitou várias vezes após receber as medicações. “Antes de dormirmos, a enfermeira aplicou em nossas veias 4 seringas de remédio, uma de antibiótico e as outras de anti-inflamatório, dipirona e anti-vômito. Eu não tive muita reação aos remédios, mas a Vanildes vomitou muito”. A cena se repetiu outras vezes durante a madrugada, segundo ela.

No dia seguinte, após o banho, duas enfermeiras tiveram que colocar um dreno em Vanildes. Mas, poucas horas depois, elas receberam a notícia de que poderiam ir para casa, pois tinham recebido alta. “Entrou no quarto um homem vestindo calça jeans e jaleco branco com uma prancheta na mão. Ele nos cumprimentou e disse assim: Vanildes, Genecí- lia, estão de alta! Depois marcou um x no papel e se retirou”.

Ainda, segundo ela, o dreno colocado em Vanildes foi retirado por um enfermeiro, que reforçou o curativo no local da cirurgia e saiu. “Ela ainda tentou tomar um chá que foi servido, mas vomitou novamente. Eu apertei o botão da campainha, mas não apareceu ninguém para ajudar”.

Enquanto aguardavam os familiares para buscá-las, Genecília e Vanildes tiveram que sair do quarto porque os leitos precisavam ser ocupados por outras pessoas.

“Mesmo com nós lá dentro as faxineiras fizeram a limpeza e, de repente, chegou uma outra paciente recém-operada. Pedi uma cadeira de rodas para levar Vanildes até a recepção, mas nos disseram que não tinha disponível. Só conseguiram uma quando já estávamos chegando na recepção”.

O primeiro a chegar foi o irmão de Genecília. Ela conta que, antes de ir embora, ligou para o genro da colega. “Ele disse que já estava chegando. Peguei o número de telefone dela e fui embora. Ela ficou aguardando na cadeira de rodas perto da porta”.

Esta foi a última vez que Genecília viu Vanildes. No dia seguinte, ela ligou para saber se a nova amiga estava melhor, mas foi avisada pelos familiares que ela tinha amanhecido morta, provavelmente em consequência de uma hemorragia interna.

“Eles disseram que iam aguardar a necropsia para saber o que fazer. Fiquei revoltada, porque ela estava feliz. Tinha esperado 5 anos para fazer a cirurgia. Mas lá no hospital é assim: quando você entra o atendimento é vip, mas depois que corta, somos apenas uma meta a cumprir e escorraçados”.

A família de Vanildes não quis falar com a imprensa.


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