O câncer na laringe do ex-presidente Lula abriu as portas para uma série de críticas ao nosso sistema de saúde. Milhares de comentários postados na internet e nos jornais se fixaram no fato de que Lula está se tratando em um dos melhores hospitais da América Latina – e não através do SUS, que ele próprio elogiara tanto, ao ponto de afirmar “que gostaria de ficar doente para ser tratado em algum dos hospitais públicos”. A grita foi tamanha, que hoje um dos médicos do Hospital Sírio-Libanês tentou minimizar esta revolta pública e informou que o tratamento de Lula estaria sendo pago por um plano de saúde particular, que o ex-presidente já vem pagando há algum tempo. E que além do plano, Lula teria dinheiro suficiente para custear suas despesas médicas e hospitalares.
Essa emenda soa pior do que o soneto. Pois acaba de ser decretada oficialmente a bancarrota do sistema de saúde pública no Brasil.
Atenção, petistas e petralhas idólatras do apedeuta: seu ídolo não faz mais parte do povão, como ele quer fazer acreditar. Ele não pertence mais à categoria dos metalúrgicos, do pessoal do sindicato, da turma da cachacinha na esquina. Lula agora é das “zelite”, se apegou fundo aos loiros de olhos azuis que ele tanto combatia, usa carrões de luxo, faz tratamento em hospitais caríssimos, tem plano de saúde (ao contrário de vocês, que se acotovelam e morrem à míngua nas filas e corredores dos postos de saúde) e está sendo atendido por uma pá de gente formada na Universidade de São Paulo, que vocês tanto xingam, combatem e detestam.
Parece que chegou a hora do governo repensar completamente o atendimento à saúde dos brasileiros. Precisamos de gestores sérios, competentes e honestos. Precisamos de uma reorganização total na forma e no conteúdo dos postos de saúde e hospitais. Precisamos oferecer a mesma medicina que Lula vem recebendo no Sírio-Libanês para todas as faixas e camadas sociais da população. Precisamos de equipamentos médicos em funcionamento. Precisamosde consultas rápidas, exames urgentes e cirurgias imediatas. Precisamos de mais leitos e menos corredores nos hospitais. Precisamos de médicos eficientes. Precisamos de mais enfermeiros e atendentes. Precisamos de medicação gratuita, como existe nos países do 1º Mundo. Precisamos de equipamentos atualizados e sempre de última geração. Precisamos chegar ao ponto de um dia poder mudar a sigla SUS para SES – Sistema Eficiente de Saúde.
Pois pelo que se vê nos noticiários, “nuncantesnestepais” morreu tanta gente sem atendimento médico, nem o SUS foi tão escrachado, maligno, tenebroso e ineficiente como nos dias de hoje.
Ele disse que o SUS era tão bom, que ele até queria ficar doente para se tratar lá. Hoje, doente de fato – e muito doente! – (‘Cuidado com o que você diz, pois as palavras têm poder e os deuses escutam e atendem…’) ele vai para um hospital de elite, que é o Sírio Libanês. E como ele é uma metamorfose ambulante , vai ver que mudou de idéia… Mas não é isso que se discute. O que se discute é o fato de ele, Lula, não cumprir seu desejo, invocado em palanque,e com tanto ardor, de até querer ficar doente, só para se tratar no SUS.O que se discute ainda – e muito mais – no intertexto, é a ironia, o escárnio, o deboche até, que vieram embutidos no seu discurso. Ele tripudiou sobre o sofrimento do povo.(Ou alguém acredita que ele falou com sinceridade, ao dizer que o SUS era ótimo??) E o povo aproveita agora a ocasião para devolver a provocação (penso até que com muita parcimônia) que o próprio sr. Lula fez. Não se brinca com o sofrimento do próximo, mesmo que não se tenha contribuído para ele, o que não é o caso,aqui. Quem, à época, tinha pai, mãe, filho, etc, ou até a si mesmo, envolvido em ‘tratamento’ no SUS, engoliu amargamente essas provocações. Mas não digeriu. Ninguém digere o sofrimento, a dor que é NÃO poder defender o bem maior – que é o bem da vida – com tratamentos dignos, capazes, confortáveis e profissionais. É duro morrer à míngua. Foi isso que doeu demais. Talvez esses sejam os recalques a que se refere FHC. ”Recalque é o processo inconsciente, pelo qual uma idéia, sentimento ou desejo que o indivíduo tem por repugnante é por ele excluído de admissão consciente, mas persiste na vida psíquica, causando distúrbios mais ou menos graves”(Larrousse). Não entendo porque tanto ‘bombeiro’ querendo jogar água em cima do povo, para apagar um incêndio provocado pelo próprio lula. Quem fala o que quer, ouve o que não quer. É a Lei do Retorno. Leio nos blogs pessoas afirmando que sempre foi assim, que esse péssimo tratamento de saúde que temos, vem de TODOS os governos, ou que o SUS também não é tão ruim assim, etc. e etc. Ora, se é para parar de fazer críticas honestas e sérias, melhor ir caminhar no parque e espairecer...
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