quarta-feira, 17 de março de 2010

Apoio ao SUS

SÓ MUITA SOLIDARIEDADE NA LUTA PODE LEVAR À CONSOLIDAÇÃO DO SUS - Gilson Carvalho[1] - TEXTO INTEGRAL EM ANEXO
Era a década de 90 e em São Paulo alguns municípios ganharam sua emancipação. Havia um movimento que tentava apoiar os “Municípios Nascentes”. Na verdade não era apoio externo, mas uma junção de auto-apoio e apoio solidário. A Saúde era objeto deste trabalho. Estive em várias reuniões aprendendo e falando. Entre estes municípios paulistas recém emancipados estava Bertioga, Campina Verde, Alumínio e outros.
Dia destes tomei nas mãos um texto que fiz para o encontro destes municípios novos numa palestra em Alumínio, desmembrado de Sorocaba, no outono de 1995. Eu estava voltando de Brasilia onde passara os anos de 93 e 94 brigando pela implantação do SUS e trabalhava como médico sanitarista de carreira na Prefeitura de São José dos Campos.
Achei que nestes apontamentos ainda havia muita atualidade e resolvi transcrevê-los abaixo. (ANEXO)
..........................................................
v    A construção do bem estar coletivo só deve se dar pelo desenvolvimento saudável cultivando a ética da solidariedade.
v    O centro de tudo tem que ser o ser humano, inefável, irrepetível ser, cuja coisificação deveria ser sepultada, através do resgate da cidadania, do ser pleno, da igualdade entre as pessoas que têm direitos e deveres, exatamente no limite dos direitos e deveres dos demais.
v    Esta construção do novo depende da implantação de uma nova ética, um pacto de ética da solidariedade. A ética da solidariedade é a ética do todo da somatória de cada um de nós.
v    A supremacia da ética do cidadão sobre a ética particular de cada uma das corporações que é igual ao vencer do eu coletivo (solidário) sobre o eu individualista do salve-se quem puder.
Uma oportuna reflexão para este momento que vivemos em 2010 vem pela voz do poeta Bertold Brecht. Depois de tantos anos suas palavras que podem nos alimentar ainda hoje

“AOS QUE EXITAM
Você diz:
 Nossa causa vai mal.
A escuridão aumenta.
 As forças diminuem.
Agora que trabalhamos tanto tempo,
estamos em situação pior que no início.
Mas o inimigo está aí, mais forte do que nunca.
Sua força parece ter crescido.
Ficou com aparência de invencível.
 Mas, nós cometemos erros, não há como negar.
Nosso número se reduz.
Nossas palavras de ordem estão em desordem.
O inimigo distorceu muitas de nossas palavras,
até ficarem irreconhecíveis.
Daquilo que dissemos,
o que agora é falso: tudo ou alguma coisa?
Com quem contamos ainda?
Somos o que restou,
Lançados fora da corrente viva?
 Ficaremos para trás,
por ninguém compreendidos e a ninguém compreendendo?
Precisamos ter sorte?
Isto você pergunta.
Não espere nenhuma resposta senão a sua.”

Por último um apelo:
Unamo-nos todos na construção desta sociedade solidária  tendo como objetivo primeiro a busca de nossa felicidade.
Todos com as mãos na massa,  ativos, plasmando este novo mundo em transformação. Que o resgate da essência da vida, nosso bem-estar passe necessariamente pela educação e pela saúde.   A construção do bem estar através de um desenvolvimento saudável, na  ética da solidariedade,  será obra de cada um de nós.
A hora é de um mutirão de solidariedade em defesa de uma saúde pública universal e integral boa para todos os cidadãos. Não pode ser luta apenas de governo, prestadores e profissionais. A luta tem que ser amplificada para toda a sociedade.

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