Confira artigo publicado na página de Opinião da edição de hoje (01/12) do Jornal A Gazeta.
Mato Grosso precisa ampliar com urgência a oferta de leitos hospitalares para atender sua população doente. Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE em novembro, é coisa pra mais de mil leitos. Faltam leitos porque a população cresceu e não houve investimentos em novos hospitais públicos e nem privados. Faltam leitos porque em Cuiabá e no interior ocorreu o fechamento de vários hospitais nos últimos anos, a exemplo do São Tomé, Modelo, Santa Maria Bertila, Santa Cruz e Hospital das Clínicas. Inclusive, destes, os três primeiros foram adquiridos pelo governo do Estado, suas portas foram cerradas e seus prédios destinados a outras finalidades, que não a de serviços hospitalares.
Em Cuiabá, é visível a falta de leitos na rede privada. Basta dar uma olhada na situação dos setores de pronto-atendimento para verificar que pacientes tomando medicação sentados em cadeiras de fio ou aguardando procedimentos cirúrgicos sentados nas recepções, ao invés de serem acomodados em um leito para serem preparados para a cirurgia.
No setor público, a situação é um pouco pior até porque em torno de 80% da população depende exclusivamente do SUS. Nesse contexto, o Pronto-Socorro de Cuiabá acaba aparecendo como o grande vilão, apesar de tratar-se de um hospital municipal e que recebe demanda de todo Mato Grosso. É fato também que se o Pronto-Socorro fechar as suas portas instala-se o caos na saúde pública do estado. E aqui vale a máxima: ruim com ele, pior sem ele.
Agora o que não dá para entender é a passividade do governo do Estado diante deste quadro. Insiste apenas em divulgar a construção de um novo hospital universitário federal (e que por ser universitário tem como prioridade o ensino) e do hospital regional de Várzea Grande, com apenas 70 leitos, sendo 10 UTIs. Vão contribuir, mas nem de longe vão solucionar o problema.
O governo não se manifesta em relação, por exemplo, a construção e funcionamento de um grande hospital estadual em Cuiabá (até porque aqui está concentrado o maior número de profissionais da saúde), com no mínimo 400 leitos para média e alta complexidade. E esse hospital deve ser estadual ou federal porque o município de Cuiabá já vem gastando mais do que os 15% preconizados pela lei enquanto o Estado não gasta nem os 12% estabelecidos.
E a União mostra politicamente a sua face quando não se esforça para regulamentar a Emenda 29 que implicaria em aumentar os investimentos federais na saúde. Por outro lado, já ameaça trazer de volta a CPMF. E se nenhuma providência efetiva for tomada, Cuiabá chegará à Copa 2014 sem condições de atender os milhares de torcedores que por aqui aportarão para assistir ao Mundial. Rezemos para que não ocorra nenhuma tragédia durante o evento, pois onde serão atendidas essas vítimas? Já passa da hora de se inaugurar um debate franco e sincero na busca de soluções para este gravíssimo problema.
Luiz Soares é cidadão defensor do Sistema Único de Saúde (SUS). E-mail: luizsoarescba@gmail.com
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