O jornal Circuito Mato Grosso traz, em sua última edição, matéria sobre situação caótica do Pronto Socorro de Várzea Grande. Comentem...
Regina Botelho
“A saúde é direito de todos e dever do Estado”. A magnífica frase de abertura do artigo 196 da Constituição dá a falsa impressão de que vivemos num país sério, onde o povo é bem cuidado. Mas a simples leitura dos jornais ou o comparecimento aos caóticos serviços de saúde são suficientes para provar que o sagrado direito constitucional à saúde é apenas letra morta. Um fato que comprova o desrespeito é ver que a obra pronta do Hospital Metropolitano do Cristo Rei, em Várzea Grande não tem data para ser inaugurada.
Essa realidade mostra que o estado de Mato Grosso está desestabilizado e com políticas públicas incoerentes que desrespeitam a sociedade. Os hospitais da Rede de Saúde do SUS (Sistema Único de Saúde) estão falidos, o atendimento é desumano, pessoas morrem nas filas, os corredores dos hospitais estão superlotados, faltam médicos, equipamentos, cadeiras, macas e leitos hospitalares.
Construído em 1988, o Pronto-Socorro Municipal da Cidade Industrial realiza uma média de 25 mil atendimentos por mês. Com a interdição da unidade em Cuiabá, a demanda de pacientes triplicou na cidade vizinha à capital.
Na semana passada, a mídia cuiabana deu ênfase à péssima qualidade dos serviços oferecidos à população. A reportagem do Jornal Circuito constatou que após a visita dos membros da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI), da Saúde da Assembleia Legislativa, denúncias do Conselho Regional de Medicina (CRM) e ação do Ministério Público foram atuações fortes que poderão mudar o quadro deplorável do local. Pacientes deitados em macas pelos corredores do Box de Emergência, sentados em cadeiras de fios ou em bancos tomando soro, salas de internações lotadas com pouca ventilação, umidade, rachaduras são algumas das principais deficiências.
O Ministério Público notificou na semana passada o município para que intervenha na situação do Pronto Socorro a fim de encaminhar pacientes que necessitam de cirurgias. A orientação do órgão é realizar um mutirão de atendimento médico e fazer a classificação de risco dos pacientes, priorizando atendimentos de urgência e emergência.
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina, Arlan Azevedo Ferreira, o pronto-socorro não tem condições de funcionamento e deve ser interditado, pois vários setores têm problemas graves que colocam em risco o paciente. “Vamos oferecer todo suporte para que o Ministério Público determine a interdição parcial. Se nada for feito, o CRM vai entrar com uma ação civil pública para que alguns setores sejam interditados”, diz.
A população que não tem condições de pagar por saúde na rede privada, questiona, e cobra a inauguração do Hospital Metropolitano que teve suas obras iniciadas em agosto de 2004 e, mesmo pronto, não foi entregue. O hospital possui uma área de 5.511 metros quadrados, irá operar com 62 leitos com capacidade para 70.
O Hospital funcionará no sistema de porta fechada, ou seja: a Central de Estado de Regulação é quem vai encaminhar os pacientes. Ele será para atendimento em cirurgias gerais, eletivas e ortopédicas.
A assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), através de nota, informou que as o Hospital Metropolitano ainda não foi entregue oficialmente pela prefeitura ao Estado.
Segundo a nota, o município de Várzea Grande precisa repassar à empresa construtora do hospital o valor de R$ 300 mil reais. A prefeitura declarou ao Estado impossibilidade financeira.
“O Estado vai assumir a dívida e regularizar a situação perante a empresa, ainda este mês. A Secretaria Estadual de Saúde já adquiriu 60% dos equipamentos, estando o restante já em processo de aquisição (Recursos Federal e Estadual)”, diz um trecho da nota.
O secretário de Estado de Saúde, Augusto Amaral, determinou várias frentes de trabalho com o objetivo de colocar o hospital em funcionamento o mais breve possível. Um grupo de trabalho estuda a forma de gestão que poderá ser finalizada com o terceiro setor.
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