Matéria publicada no jornal A Gazeta
A fila de espera também é grande na policlínica do Verdão e pacientes denunciam que moradores de Várzea Grande estão sendo discriminados na hora do atendimento. O técnico de refrigeração Jessé de Abreu, 45, disse que precisou conseguir um comprovante de residência com endereço da Capital para a mulher ser socorrida.
Abreu relata que a esposa é hipertensa e começou a passar mal no trabalho. O casal mora em Várzea Grande, mas mora em Cuiabá.
Ele buscou a mulher e começou a "peregrinar" nas unidades de saúde. Primeiro, passou pela Policlínica do Planalto, onde a atendente recusou-se a fazer a ficha de encaminhamento devido ao endereço.
Depois, eles conseguiram um comprovante de residência de um amigo e foram até a unidade do Verdão, onde depois de passar pela triagem a paciente foi encaminhada para o pronto-atendimento.
Abreu conta que ficou muito revoltado com a situação. "Parece até que não somos brasileiros. Pago imposto. Significa se eu viajar e tiver problemas de saúde não posso procurar ajuda?"
A dona de casa Maria das Neves, 61, estava na fila de espera, mas não teve sucesso na busca pelo socorro. Ela conta que o filho dela está com câncer e extremamente debilitado. O rapaz tem feridas que não cicatrizam e o cheiro do machucado era muito ruim.
A mãe ficou com medo e procurou a policlínica para fazer o curativo. No local, foi informada que a sala de curativo estava desativada para limpeza.
A coordenadora da Policlínica, Silvinha de Figueiredo, diz que a espera é inevitável e que mais de 50% dos casos atendidos são de Várzea Grande. Ela afirma que os pacientes não são discriminados e mesmo com o retorno ao trabalho dos médicos do município, que estavam em grave, a demanda não diminuiu.
A profissional relata que já foram contratadas mais 30 pessoas e que há dificuldade em encontrar profissionais. Muitos médicos desistem do trabalho porque alegam não ter condições de atender 80 pacientes por dia. (CR)
COMENTÁRIO DO MSD:
- Mais exemplos de desestruturação da rede na “ Grande Cuiabá” :
1. Uma urgência hipertensiva não é algo tão complexo que não possa ser atendido no município de Varzea Grande.
2. A exigência de comprovação de domicílio é admissível na rede básica, cujo financiamento é feito considerando a residência do paciente, mas não pode ser condicionante para atendimentos de urgência, como parece ser o caso. Repassados. Essa exigência, como o relato demonstra , é facilmente burlável.
3. Curativos são procedimentos que devem ser realizados nas unidades básicas (UB) de saúde e não nas Policlínicas, mas como conseguir ser atendido nas UB, pois ou não se encontram os profissionais ou não tem material ou as 2 coisas.
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