Tania Rauber/A Gazeta
Pacientes encontram dificuldades para conseguir medicamentos nas Policlínicas de Cuiabá. Alguns itens estão em falta desde março e a única alternativa para quem precisa é comprar. A Ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS) já encaminhou 2 relatórios ao Ministério Público do Estado informando a situação e pedindo providências.
Segundo a ouvidora Janaína Penha, reclamações da falta de medicamentos chegam todos os dias na instituição e representam cerca de 15% dos procedimentos realizados.
"Há casos em que o medicamento custa muito caro e as pessoas não têm condições de comprá-lo. Por isso cobramos agilidade no fornecimento".
A situação se agravou em março, conforme Janaína, com o esgotamento dos depósitos de vários itens de responsabilidade do município. A Secretaria de Saúde foi alertada pela Ouvidoria e deu início aos pregões para aquisição, porém, os prazos para cada processo são longos e até hoje a entrega de muitos lotes ainda não foi realizada.
A professora Tania da Silva, 40, reclama que está tendo que comprar o remédio para o filho de 10 anos, que sofre de dor de cabeça crônica e precisa de medicamento controlado para não ter crises e convulsões. Desde março ela e a família procuram nas policlínicas o remédio, mas sempre obtêm a mesma resposta. "Eles nos dizem que não tem nem prazo para fornecer o medicamento".
Tania disse que procurou novamente o médico para conseguir uma receita diferenciada e, assim, comprar o produto. Porém, teve que reduzir uma dose porque não conseguiu comprar todas as caixas de uma só vez.
"O médico dá receita para 3 meses. Só que para comprar todas as caixas de uma só vez ficava muito caro. Como a receita fica retida na farmácia, não temos como comprar outra hora. Então cortei o meio comprido de manhã para conseguir fechar o prazo".
Esta mesma medida foi tomada pelo aposentado Sidney Magalhães, 44. O filho dele, de 20 anos, sofre de microcefalia e precisa tomar, todos os dias, 3 comprimidos de Carbamazepina, que está em falta na rede pública desde março.
Ele conta que procurou o remédio na Farmácia Popular, mas não encontrou. "Lá a cartela com 10 comprimidos custa R$ 1,30, mas como não tem tive que comprar na rede privada. Quando encontro o genérico pago quase R$ 20 a caixa".
O aposentado conta que já precisou de outros medicamentos para a mãe e também não encontrou. "Toda vez que vou à policlínica encontro várias pessoas na mesma situação. O que revolta mais é que eles não tem nem prazo para regularizar a situação".
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