terça-feira, 24 de abril de 2012

A serviço do paciente, não da indústria

FOLHA DE S.PAULO - 22/04/2012 - TENDÊNCIAS / DEBATES


CLAUDIO LUIZ LOTTENBERG (EDITADO)

Nascido em São Paulo, é mestre e doutor em Oftalmologia, sendo médico graduado pela Escola Paulista de Medicina.

Professor co-orientador do curso de Pós-Graduação em Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo.

Professor Titular do curso do MBA em Saúde do IBMEC, São Paulo.

Autor do livro "A Saúde Brasileira pode dar Certo" pela editora Atheneu, 1a. Edição dezembro de 2006.

Ex-Secretário Municipal de Saúde do município de São Paulo, gestão José Serra.

Presidente da Sociedade Brasileira de Laser e Cirurgia em Oftalmologia – gestão 2007/09.

É presidente do Hospital Israelita Albert Einstein desde dezembro de 2001.





Os meios de comunicação frequentemente surpreendem o público com descobertas fantásticas e novos avanços da medicina para diagnóstico ou cura de doenças.

São novos estudos no campo da genética, novas técnicas em cirurgia, novos equipamentos ou terapias inovadoras que podem até parecer prenúncio de imortalidade.

Ao mesmo tempo, esses meios de comunicação publicam pesquisas mostrando que a saúde esta entre as grandes aflições dos brasileiros.

Afinal, um problema que sempre foi complexo vem se agravando porque envolve cada vez mais interesses, muitas vezes conflitantes.

Assegurar o respeito os princípios de equidade e universalidade previstos na constituição brasileira tem de levar em conta variantes como inovações tecnológicas, práticas médicas, administração hospitalar, regulação pelos órgãos oficiais, sistemas de financiamento (público e privado), medição de resultados, pesquisas cientificas, relação entre médico e paciente e políticas abrangentes.

Os sistemas de saúde estão quebrados internacionalmente. Talvez uma das razões seja o fato de, ao contrário de outras indústrias, não incluírem adequadamente temas como padronizações, geração de valor, indicadores de performance.

E talvez isso não tenha acontecido pelo receio que a comunidade médica tem de perder sua autonomia e sua individualidade.

Esse conceito decorre da formação individualizada dos médicos, da falta de uma visão da necessidade de trabalho em equipe e da fragmentação da pratica assistencial.

Médicos e paciente se tornaram dependentes de um sistema dominado por fornecedores de equipamentos, próteses, drogas, insumos ou serviços financeiros sem compromissos com os preceitos constitucionais que deveriam reger o modelo de assistência médica no Brasil.





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