Tania Rauber
Os cerca de 700 médicos que atendem nos 4 hospitais regionais de Mato Grosso vão paralisar as atividades na próxima quinta-feira (10). A partir desta data, as consultas clínicas e cirurgias eletivas realizadas em Sorriso, Rondonópolis, Cáceres e Colíder, serão suspensas. Apenas os casos de urgência e emergência serão atendidos. Com isso, as longas filas de espera devem aumentar ainda mais.
A decisão de greve foi tomada em uma assembleia realizada pelo Sindicato dos Médicos do Estado do Mato Grosso (Sindimed), que é contra o sistema de terceirização dos hospitais, anunciado pela Secretaria do Estado de Saúde (SES). É o início de uma "luta" entre a categoria médica e a SES.
O secretário Pedro Henry afirmou que a contratação de organizações sociais para administrar os hospitais regionais é uma decisão de governo e não será revista. A justificativa, segundo ele, é que mesmo sendo geridos pelo próprio governo, os hospitais estão gastando demais. "Os hospitais gastam até 10 vezes mais do que a tabela do SUS preconiza em várias procedimentos. Não dá para trabalhar com esta discrepância, pagar 8 vezes mais para fazer uma cirurgia, é um equívoco administrativo".
Questionado sobre quais medidas a secretaria vai tomar para evitar a greve, o secretário disse que a "saúde já está um colapso e que o Estado não pode fazer nada para evitar a paralisação", além de não ter condições de realizar novo concurso devido as "barreiras legais para contratar".
Já o presidente do Sindicato dos Médicos do Mato Grosso, Edinaldo Lemos, garantiu que a categoria não voltará atrás da decisão, e a população ficará, mais uma vez, desassistida. "Nós temos uma pauta de reivindicações e vamos discuti-la com a secretaria. Somos a favor da realização do concurso para contratar mais profissionais, implantação do plano de cargos e carreira para a categoria, e melhorias nos serviços".
Ele também apontou a preocupação com o novo modelo de "gestão terceirizada", que estaria sendo implantado "às escuras" pela SES. "Eles falam que vai reduzir custos, mas não podemos sacrificar os direitos dos trabalhadores, que não terão estabilidade nenhuma. Não sabemos qual empresa vai assumir, e se realmente esse novo sistema não vai favorecer a ocorrência de fraudes".
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